sexta-feira, 8 de maio de 2009

Recifes

Enquanto que o homem com a máscara fica tentando capturar os pombos do Pátio São Pedro a mulher dança como uma pena que cai, até tocar o chão.


Nós estamos juntos faz dias nessa missão absurda, mas não conseguimos ver a cara do velinho que traz o milho de todo o dia para as aves cinzentas que nos ignoram de barriga cheia. São cem os pombos que nos olham de cima, eu os contei.


Atravessamos pontes e nos perdemos, nem sabemos ao final se estamos indo ou vindo. Guiam-nos as torres carcomidas pelo vento salgado, branco e preto, preto de tempo no branco do cal. Sabemos somente que na Rua da Saudade mora o homem que persegue os pombos incansavelmente sob o sol escaldante e o acompanhamos fascinados, como crianças atrás de um flautista.


Amanhã ele irá tentar capturar os pombos mais uma vez para depois vê-los voar como vagalumens loucos, numa visão extraodinaria que - prometeu - somente das janelas daqui se pode ter.


Dedicado ao Todë

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